Muitos professores, mesmo experientes, encontram dificuldades em identificar e lidar com transtornos de escrita em sala de aula. Entre os mais comuns estão a disgrafia e a disortografia — distúrbios que podem comprometer seriamente o desenvolvimento acadêmico dos alunos, especialmente se não forem reconhecidos e tratados corretamente.
Entender as características desses transtornos é o primeiro passo para oferecer um apoio mais eficaz. Este artigo vai te guiar para reconhecer sinais e aplicar práticas de avaliação mais justas e acolhedoras.
O que é Disgrafia?
A disgrafia é um transtorno específico da coordenação motora fina que afeta a escrita manual. Alunos com disgrafia podem apresentar:
- Letra ilegível ou muito irregular;
- Dificuldade em manter o alinhamento das palavras na linha;
- Escrita lenta e cansativa;
- Dor ou desconforto ao escrever;
- Inversão de letras ou má formação das mesmas.
A disgrafia não é falta de esforço ou desleixo. Ela tem causas neurológicas e pode coexistir com outros transtornos, como TDAH e dislexia.
O que é Disortografia?
A disortografia é um transtorno que afeta a capacidade de escrever de acordo com as regras ortográficas da língua. Seus sinais mais comuns são:
- Troca de letras (ex: "pranta" no lugar de "planta");
- Omissão de letras ou sílabas (ex: "bola" escrito como "boa");
- Dificuldade com regras gramaticais e acentuação;
- Frases com erros que comprometem a compreensão do texto;
- Escrita espelhada (inversão de letras como "b" e "d").
Diferente da disgrafia, a disortografia não está ligada à coordenação motora, mas sim à forma como o cérebro processa os sons e as estruturas da linguagem.
Como avaliar alunos com disgrafia e disortografia?
1. Observação Atenta
Antes de aplicar testes formais, observe o comportamento do aluno:
- Ele evita atividades de escrita?
- Sente dor ou frustração ao escrever?
- Apresenta lentidão extrema?
- Erra repetidamente as mesmas palavras, mesmo após correção?
Essas pistas são valiosas para uma avaliação inicial.
2. Análise de Produções Escritas
Solicite que o aluno produza textos de forma espontânea e ditados curtos. Avalie:
- Legibilidade da escrita;
- Frequência e tipo dos erros ortográficos;
- Organização das ideias;
- Uso de pontuação e acentuação.
Importante: não julgue apenas o "produto final", mas considere o processo e as dificuldades enfrentadas para realizá-lo.
3. Aplicação de Testes Específicos
Embora o diagnóstico formal de transtornos seja realizado por profissionais da saúde (psicólogos, fonoaudiólogos, neuropsicopedagogos), o professor pode usar instrumentos de triagem pedagógica para identificar sinais de alerta e encaminhar para avaliação especializada.
Testes que envolvem cópia de textos, ditados e descrições orais ajudam a perceber onde estão os maiores obstáculos.
4. Acolhimento e Flexibilização
Durante as avaliações formais da escola, adapte as atividades:
- Dê mais tempo para a realização das provas;
- Permita respostas orais quando possível;
- Priorize a avaliação do conteúdo e das ideias, não apenas da forma;
- Reduza a quantidade de escrita exigida.
Essas adaptações não significam favorecer o aluno, mas sim garantir a equitatividade no processo de ensino-aprendizagem.
5. Registro de Evidências
Mantenha um portfólio de produções escritas do aluno ao longo do tempo. Isso ajuda a documentar:
- Evolução;
- Persistência de dificuldades específicas;
- Resposta às intervenções pedagógicas.
Esses registros são fundamentais para relatórios, reuniões pedagógicas e encaminhamentos para atendimento especializado.
Conclusão
Identificar e avaliar alunos com disgrafia e disortografia exige sensibilidade, conhecimento e compromisso. O olhar atento do professor pode fazer toda a diferença para que esses estudantes tenham acesso a um processo de alfabetização mais justo e significativo.
Lembre-se: transtornos de escrita não definem a inteligência ou a capacidade de um aluno. Com apoio adequado, eles podem desenvolver seu potencial plenamente.
Ao perceber sinais, converse com a equipe pedagógica, oriente a família e busque suporte especializado. Afinal, a verdadeira missão do educador é acreditar e investir no crescimento de cada aluno.
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